terça-feira, 12 de fevereiro de 2008

ANGOLA: O Novo Desenvolvimento
O caminho do Pós-Subdesenvolvimento


Neste artigo pretendemos explicitar a ambição de construção de um exemplo de sociedade organizada em rede e a caminho da concretização de um novo paradigma estratégico: a construção da “sociedade da vantagem MultiCULTURAL”.

Esta ideia do Novo Desenvolvimento, assume-se como um Manifesto de Posicionamento, relativamente à tendência que deve marcar a organização do Estado, da Sociedade e do Território, corporizando a promessa da chuva de liberdade e esperança, com que a Independência primeiro, e a Paz depois, “engravidaram” esta terra.

Daqui nascerá o Novo Desenvolvimento, ou o Pós-subdesenvolvimento.

Assim, a equidade e o conhecimento serão as novas marcas para o território angolano.

Este investimento implica um novo Paradigma de leitura e o consequente ordenamento dos “territórios”, social, cultural, económico, político e físico.

Este novo paradigma assenta num investimento na instalação de motores de desenvolvimento no interior, universidades, “clusters” estratégicos e projectos mobilizadores, criadores de riqueza e fixadores de valor.

São estas as variáveis do pós-subdesenvolvimento, em que o intellingence thinking e a criatividade estratégica são os atributos diferenciadores e construtores.

Têm sido criados alguns projectos interessantes e até mobilizadores como o CAN-2010, mas o que nos deve inquietar é a sustentabilidade dos mesmos.


Nesta matéria, recordamos o caso de Sevilha, em que o pós-EXPO se traduziu num fracasso, sendo que a lição retirada permitiu uma EXPO-98, em Lisboa, de sucesso e geradora de impactos continuados na componente turística, e de qualificação de uma nova centralidade funcional e residencial na Capital Portuguesa.

Voltando a Angola, apesar dos projectos anteriormente explicitados, continua a faltar o quadro global de bordo, a matriz estratégica que enquadre a leitura do caminho que o País e os “territórios” nacionais devem seguir.
É esse o papel do Intelligence Thinking : organizar a articulação dos actores, conformar vontades estratégicas, focalizar níveis de aposta e equilibrar a inovação e a eficiência racional.

Estamos perante um desafio aliciante, que dará do País uma imagem de maioridade no contexto africano e mundial.

Mas a chave do Novo Desenvolvimento, são as pessoas, os angolanos. Habilitar a nossa gente para que seja uma referência de verdadeiros cidadãos do conhecimento, da solidariedade e da vontade. Sentirem-se protagonistas activos de um projecto colectivo que visa a construção de uma Angola pós-subdesenvolvimento, ou seja o centro de um Novo Desenvolvimento de matriz Africana.

Fonte: Fotos cedidas pelo Engº Vitor Dias



Lendo recentemente um artigo jornalístico num media angolano, constatei com satisfação que o governo se empenha na construção de uma sociedade do conhecimento, apoiada no alargamento da introdução das novas tecnologias na governança e no dia à dia dos cidadãos. Bem-haja pela decisão!

No registo anterior, foi também aprovado o licenciamento de novas Instituições de Ensino Superior. Estamos a caminhar no bom sentido, mas é preciso que estas iniciativas se enquadrem no quadro global de orientação para o País, pois não sendo assim, poderemos cair em desarticulações desestruturadoras.





Registo a existência, clara, de uma nova atitude, de uma nova vontade dos dirigentes, mas falta dar sentido estratégico a tudo isto. Dar-lhe um sentido vinculador de mobilização global, traduzido num projecto colectivo de e para os angolanos.

Falta-nos uma nova MARCA de País (vide P. Alves, in Revista Executivo, nº15, Ano 3).

Esta Marca deve assentar numa vantagem competitiva de Angola, clara, forte e estruturante, ou seja, precisamos de apostar em competências centrais do País, desenvolvendo uma cultura nacional de liberdade, rigor e eficiência competitiva e de produtividade.




Estes atributos serão o vector central da qualificação estratégica de um País de turismo, da indústria e celeiro da África Austral.

No contexto Europeu, são repetidamente referidos os casos da Irlanda e da Finlândia como autênticos milagres e exemplos de sucesso, mas o milagre assenta numa aposta transversal da sociedade, nas últimas décadas, nos seguintes factores críticos de sucesso estratégico: a educação e a ciência e tecnologia como factor de inovação e conhecimento.

Resumindo, apostaram no Paradigma do Conhecimento como Capital Estratégico!

Com esta referência, não queremos indicar o mesmo modus operandi para Angola, pois para realidades, actores e “territórios” diferentes, devemos operar de acordo com as especificidades em presença. A aposta deve ser no Intellingence thinking.

O desígnio da Habilitação.
Angola necessita de uma “Estratégia Habilitacional”

Nesta fase do ciclo de vida do País, a Habilitação científica, profissional e ética, deve ser a “grande ideia” para a dinamização do desenvolvimento.




O País tem que ser uma “Grande Escola”, e os dirigentes políticos, culturais e empresariais os melhores professores e aprendizes. É fundamental aliar esta visão à construção da Associação de Países da “vantagem MultiCULTURAL” da cultura empresarial, institucional, social, etc; tendo em conta que esta é o verdadeiro “gene” da globalização. Nascerá assim, a “Associação para o Novo Desenvolvimento Estratégico”, operacionalizada na Associação dos Países ou Cidades Capitais do eixo Euro-Afro- Hispânico (vide P. Alves, in Revista Executivo, nº16, Ano 3).

É fundamental incutir nos jovens uma cultura de pró-actvidade e empreendedorismo face aos desafios da mudança suscitada pela tendência para a organização da “Sociedade em Rede”, que o eixo Euro-Afro-Hispânico bem traduz e concretiza, e que assume o carácter de instrumento crítico de construção da modernidade. Esta nova dimensão da construção da modernidade, apela a mecanismos que façam face à necessidade de adaptação às mudanças induzidas pela globalização de ideias, negócios e vivências.

Assim, o País-Escola, configura uma abordagem sustentável desta mudança estratégica que o País precisa.

Mas, esta mudança deve ser feita com, e para os Angolanos, enquanto parte dessa “Associação da vantagem MultiCULTURAL Estratégica”.

O citado desígnio da Habilitação, deve introduzir uma orientação para o valor. O valor da “vantagem MultiCULTURAL Estratégica”, o valor do Homem Angolano num contexto multi-nacionalidades, resultante do Eixo Euro-Afro-Hispânico, e o valor do centro de competências em que a País se deve transformar. O objectivo deve ser a criação, produção e afirmação no referido Eixo, desta Marca-Valor em que o País se constituirá.

A cooperação estratégica entre regiões (Europa, África e América) constitui o alicerce para a construção das vantagens competitivas, que podem diferenciar Angola no contexto competitivo Global, face à Ásia e ao Leste Europeu.

Se não se seguir este caminho, corremos o risco de alienar o “capital de vontade” de construção de valor social, enquanto alavanca de reconstrução do País, numa perspectiva sustentável e vencedora.

Angola não pode continuar a concentrar a sua população no litoral, precisa de introduzir factores de fixação de gente no interior, combatendo a sua desertificação e potenciando a atracção de investimento, afirmando uma política marcante de confirmação de uma atitude estratégica consistente. A construção do Eixo Euro-Afro-Hispânico funcionará como mola fundamental para a concretização desta ideia, pois o Leste de Angola constituir-se-á como plataforma fundamental para a ligação ao centro de África e à linha Atlântica constituinte do Eixo. Sem isto, não será possível conceber uma aposta forte na competitividade estratégica do País e do Eixo, visto que a coesão territorial do mesmo e do País, é um factor crítico para o desempenho dessa função no contexto em causa.






Mas não esqueçamos que o papel das pessoas é fundamental, diria mesmo decisivo, pois são estas que vão dar sentido às vantagens competitivas da sociedade organizada em rede, a “Sociedade da vantagem MultiCULTURAL Estratégica”.

Assim, construiremos a Angola do Novo Desenvolvimento, ou a Angola Pós-terceiro mundista. Estaremos a construir o Farol da Nova África.

Vamos acender a luz?

Aqui vos espero, para desenharmos um caminho luminoso rumo ao Pós-Subdesenvolvimento.

Peixoto Alves


1 comentário:

Unknown disse...

Caro amigo

Se você fosse um dos faroleiros do farol, que todos sonhamos para a nossa Angola, estou em crer que a luz para além de não faltar, seria de boa qualidade.Angola precisa de uma nova mentalidade e visão.Eu acredito nas potencialidades dos jovens, principalmente se eles tiverem ao seu lado, pessoas com a sua visão e "saber".Um novo "oxigénio" de ideias, para construir o longo caminho do progresso e bem estar de todos os angolanos.Angola tem condições para conseguir esse objectivo, se fôr bem orientada, pelas pessoas certas.

Que Deus permita, para o bem de todos angolanos, que você seja um dos eleitos, para ajudar a gerir o farol da Angola do futuro.


Um kandando

Cazimar